Aplicabilidade prática do conceito BIM em projeto de estruturas
Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil
na Especialidade de Mecânica Estrutural
Autor
Diogo Gonçalo Pinto Tarrafa
Orientador
Daniel António Semblano Gouveia Dias-da-Costa
Miguel Ângelo Dias Azenha
Coimbra, Outubro, 2012
Enquadramento
A elaboração de um projeto de construção civil é tradicionalmente dividido em diversas fases (projeto de arquitetura, projeto de estruturas, projetos das restantes especialidades, construção,
operação, demolição, entre outras), onde participam distintos intervenientes (arquitetos, engenheiros, fabricantes, construtores, donos de obra, entre outros), levando a que este processo seja por natureza fragmentado. Adicionalmente, na metodologia de trabalho atual,cada especialidade realiza o respetivo projeto de forma desconectada das restantes, pois não existe uma fonte completa e permanente de informação referente ao projeto global,
encontrando-se esta segmentada pelos diversos intervenientes. Existe assim, uma ineficiente capacidade de cooperação, comprometendo a qualidade dos projetos e tornando-os mais
morosos e dispendiosos. Consequentemente, devido à ineficaz capacidade de encontrar conflitos e incongruências no projeto, estes propagam-se frequentemente para a obra,influenciando o seu custo, tempo de construção e, em último caso, a sua qualidade.
Deste modo, da necessidade de melhorar os métodos de trabalho, nasceu o conceito “BuildingInformation Modeling” (BIM), que proporciona automatismos de integração de projeto,criando uma plataforma informática única e transversal a todos os intervenientes e capaz de englobar todo o ciclo de vida de uma infraestrutura, abrangendo aspetos de concepção, manutenção e gestão. O projeto torna-se também mais acessível a outras entidades que no futuro possam intervir neste, facilitando eventuais operações de construção, demolição, entre outras.
Building Information Modeling – BIM
De acordo com a “National BIM Standart” o conceito BIM envolve a geração e gestão de uma representação digital de características físicas e funcionais de uma edificação. O modelo BIM
criado resulta num recurso de conhecimento confiável partilhado que apoia a tomada de decisões desde os primeiros estágios conceptuais do projeto até ao final o seu período de vida
útil[3].
O Arquiteto e consultor da Autodesk “Phil Bernstein” foi o primeiro a usar o termo BIM, contudo foi Jerry Laiserin – analista da indústria de construção, focado em tecnologias de colaboração que apoiam o projeto e estratégias de trabalho cooperativo – quem o popularizou, conceito que era referenciado em diferentes empresas de produção de plataformas informáticas de apoio à indústria AEC, por diferentes termos: pela Graphisoft como Virtual Building” ou pela Bentley Systems como “Integrated Project Models”[4]. De acordo com Jerry Laiserin e outros, a primeira aplicação BIM estava sob o conceito de “Virtual Building” do ArchiCAD produzido pela empresa Graphisoft, na sua estreia em 1987[4].
A necessidade de criar um modelo representativo dos processos de construção levou a que se percebesse a importância em abandonar a simples representação de elementos através de linhas, formas e texto (técnicas tradicionais de CAD) e se passasse a representar um modelo como uma associação de elementos individuais, através de uma modelação orientada porobjetos. Para tal, atribui-se aos objetos significado que determina o modo de interação destes
numa estrutura racional dividida por especialidades. Assim, a estes objetos são conferidas
características geométricas, físicas entre outras. Entre os parâmetros encontram-se, tipo de material, propriedades físicas, térmicas, custo do material, entre outros.
Num modelo BIM a informação encontra-se interligada por relações paramétricas o que significa que as alterações são processadas em tempo real em todo o modelo, evitando a
propagação de erros e dinamizando os processos de atualização. Qualquer alteração do modelo é repercutida automaticamente em todas as suas componentes gráficas tal como, igualmente, em toda a restante informação não gráfica do modelo por esta afetada.
Todos os profissionais envolvidos no projeto compartilham um modelo único, permitindo
reduzir, as perdas de informação que tradicionalmente ocorrem quando uma nova equipa intervém no projeto, os conflitos entre projetos e as duplicações de processos. Ao ser usado um projeto único, garante-se também que qualquer interveniente no projeto trabalhe sempre com a informação mais atual.
O modelo BIM deve deste modo ser visto como um modelo central de grande concentração de informação acessível a todos os intervenientes no projeto. Esta informação vai endo progressivamente adicionada ao modelo pelas várias especialidades tais como, arquitetura, engenharia estrutural, engenharia mecânica, entre outras, facilitando a cooperação entre elas.
Pretende-se que esta contínua introdução de informação não se resuma à apenas sua simples
adição, mas sim a um permanente intercâmbio entre todos os intervenientes.
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